segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Só vê quem quer

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.Quer achar?
.Quanto quer encontrar?
.O lambirinto avisa na entrada
."E se porventura encontrar o caminho
.(seja a saída ou, ainda melhor, a entrada),
.encontrará fartas e gratas surpresas
."
.Só acha quem quer.
.QUER AINDA?

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.É preciso aprender a tocar.

.Ainda que de longe.

domingo, 8 de agosto de 2010

Morar sozinho

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Moro só há algum tempo. Ainda estou me adaptando e aprendendo a conviver somente com a companhia de me-myself-and-I.
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Viver só tem suas dores e maravilhas. É preciso estar atento a isso, antes de tentar um voo solo, visto que nem tudo são flores na vida a um. O fotógrafo Peter J. Wilson já mencionou algo a respeito disso num texto que acompanha uma foto sua intitulada There's no poetry in being alone: "a solidão pode inspirar poesia. O isolamento pode trazer bons momentos para fazer poesia. Mas não há poesia alguma no sentimento de se estar só". No meu caso, tenho conhecido os dois lados dessa moeda. De um, é ótimo ter a liberdade de fazer o que quero quando e como quiser; organizar e limpar a casa, sabendo que tudo estará do jeito que eu deixei; ter todo o espaço somente para mim; receber colegas e amigos em casa a qualquer hora. Já a outra face é mais obscura: como é difícil o período de adaptação à vida solitária; fazer várias refeições sem companhia; não ter com quem conversar; chegar em casa e saber que não tem ninguém ali esperando por mim.
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Como, então, morar sozinho e muito bem, obrigado? Tenho testado e desenvolvido algumas receitas, que enumero a seguir.
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1. Deixe a TV ou som ligado à medida do possível. Um barulhinho sempre ajuda a espantar aquele silêncio que traz a sensação de solidão. Apesar de gostar do silêncio, uso essa técnica com certa frequência. E funciona.
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2. Se você gosta, mantenha o MSN ligado. Assim, sempre aparece alguém legal com quem você pode conversar um pouco e compartilhar alegrias. Como moro longe da minha cidade (sou do interior do Paraná e moro em Porto Alegre), muitos amigos de longa data moram longe. O MSN acaba sendo a ponte que me une a esses parentes e amigos amados e distantes. E sem qualquer custo de ligação.
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3. Se puder, tenha um animal de estimação ou planta(s) para cuidar. Um animal é uma companhia agradabilíssima: é carinhoso, brincalhão; ele te procura, faz carinho e demonstra o que sente. E não liga se a casa é luxuosa ou simples. É o mais fiel, sincero e desapegado dos amigos. E não receie parecer louco: converse com ele, conte-lhe seus dilemas e sonhos. Assim você dá atenção ao bichinho e também extravasa seus sentimentos. Ter animais ou plantas ajuda a focar em um outro ser que não você mesmo. Eu, por exemplo, tenho plantas ornamentais e um pequeno herbário. Elas sempre respondem ao meu carinho dando folhas viçosas, flores e cor ao meu apartamento.
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4. Procure criar vínculos com as pessoas, não se isole. Morar só não significa permanecer só. Convide pessoas para vir na sua casa, tomar um chimarrão, um cafezinho, um almoço. Saia com elas para um parque, praça ou até mesmo para uma caminhada em dupla, trio. Esse passo possibilita o estreitamento de relacionamentos não-virtuais, principalmente para aqueles que tendem a usar a internet como principal veículo relacional. Interagir ao vivo com outros é também, além de estimulante, uma oportunidade para dar e receber abraço, distribuir afetos que a internet impossibilitaria. Senão você vai ficar falando só com as plantas, que, apesar de boas ouvintes, são um tanto lacônicas e nunca dão bons conselhos.
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5. Crie uma rotina diária. Estabelecer horários para as atividades ajuda a dar a sensação de que sua vida está organizada, controlada, assim como faz você se sentir melhor consigo. Se você tem dificuldade para isso, monte um quadro de horários, distribuindo suas atividades da semana. Mas cuidado: não se esqueça de reservar um tempo satisfatório para descanso e lazer. Assim sua vida será mais colorida, relaxante e realizadora. Ninguém realiza nem produz nada satisfatoriamente se não descansar satisfatoriamente.
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6. Tenha um hobby, entre para uma ONG ou faça parte de um clube. Essa é nova para mim também. Decidi que entrarei para um clube ou confraria. Assim faço algo interessante, faço um bem às pessoas e ao mundo e conheço mais pessoas, estabelecendo novos vínculos. Quando puder, escreverei mais sobre isso.
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7. Procure se alimentar direito. Muita gente que mora sozinha e que não tem grana para comer fora, acaba optando por aqueles congelados assustadores, como lasanhas ou pizzas (cuja "foto meramente ilustrativa" difere totalmente do conteúdo da caixa), além do tradicional macarrão instantâneo. Desnecessário é dizer que tal opção, apesar de justificável pela falta de tempo, não é nada saudável. Acredite: é possível, sim, cozinhar pratos saudáveis, gostosos, rápidos e baratos! E para se sentir estimulado, tenha temperos diferentes e variados à mão. Eles deixam o prato mais saboroso, além de tornarem o ato de cozinhar mais interessante, "alquímico" e carinhoso (sim, cozinhar é se acarinhar!). Eu costumo fazer o seguinte: sempre que preparo um prato, faço-o numa quantidade maior do que o necessário para uma única refeição. Assim, guardo o excedente em potinhos individuais no freezer. Dessa forma, terei sempre refeições variadas prontinhas, sem ir pro fogão todos os dias. Se você não tem freezer, pode usar o congelador (a diferença é que, no congelador, o prato deve ser consumido logo). Esse procedimento economiza tempo, gás, dinheiro, além de evitar muita louça suja: é só esquentar o potinho no microondas! Pra mim, inclusive, virou um hobby gratificante. É tão bom se fazer bem comendo bem!
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8. Crie atitudes de autopreservação. Cuidado com os folhetos do tipo "conserto tudo" que aparecem na sua caixa do correio. Pode ser alguém mal intencionado tentando ter acesso à sua casa. Há relatos (comprovados) de vítimas de falsos encanadores, pintores etc. Prefira profissionais indicados pelo síndico do seu prédio, que já os testou e aprovou. Observe também atitudes suspeitas de estranhos na rua e ao se aproximar (ou sair) de casa. Ouça seus instintos. Melhor achar que exagerou em cuidados do que ser ser vítima de violência. Além disso, tenha o telefone de alguém em quem você confia e que more perto de você para casos de emergência.
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Tenho tentado pôr em prática esses itens. Ajudam, mas não são tudo, porque nada substitui o convívio com outras pessoas. Por isso lembre-se: morar só não implica em ser só.
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Arno Rafael

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Nada mais belo que as nuances graduadas entre o preto e o branco,
a sinergia entre músculos e linhas do mundo,
os ângulos imprevisíveis sob o olhar de Arno.
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